segunda-feira, 17 de junho de 2013

Um livro para a cabeceira

Uma das coisas que mais tem me incomodado nesse processo de cura tem sido a dificuldade em lidar com a minha  própria agressividade aprendida.
Sempre tive uma visão negativa da raiva por sempre associá-la à agressão, ao descontrole, pois foi assim que a conheci na minha infância. Mas o que acabei por me dar conta foi que justamente essa raiva trouxe os sentimentos de repulsa ao tratamento que recebi e que me fizeram procurar uma mudança e defender-me.
De fato, a raiva por si só é um sentimento necessário para a aprendizagem emocional, mas às vezes o medo de extrapolar esse sentimento me assola.
Sei que é um trabalho para a vida toda, procurar dosar esse equilíbrio de sentimentos e ensiná-los aos meus filhos de uma forma saudável, para que eles não tenham a mesma dificuldade que tenho hoje.

Um livro tem me ajudado muito nesse trabalho e me dado um fundamento seguro. É do psicólogo John Gottman, Inteligência Emocional e a arte de educar nossos filhos. Ao contrário de livros com conselhos e reflexões vagas e por vezes infundamentadas, esse livro foi resultado de anos de pesquisa e tem se mostrado muito prático para a relação pai-filho, tanto nas atitudes dos filhos como dos pais.


sexta-feira, 14 de junho de 2013

Eu sou a lenda

Confesso que me sinto um pouco como o personagem do Will Smith no filme "Eu sou a lenda". Aquela cena em que ele está em um cais tentando contato com algum sobrevivente através de sinal de rádio.
Na verdade é assim que me sinto de certa forma: sobrevivente.

Ter um pai violento e uma mãe omissa, e todas as coisas que se relacionam a essa junção catastrófica, pode trazer consequências irreversíveis à auto-estima, à capacidade de adaptação, à estrutura psicológica, emocional e tantas outras coisas.
Levei anos para buscar ajuda psicológica. Talvez por causa daquele processo de negação pelo qual passamos. Talvez pela dominação que ainda sofria por parte dos meus pais. Mas enfim busquei.
Muito dessa coragem para procurar ajuda partiu do nascimento dos meus próprios filhos e do desespero de não querer repetir o tratamento que recebi.
Acredito que independente do motivo que nos leve a perceber que precisamos mais do que repensar nosso passado, o importante é procurar ajuda, unir-se a um novo círculo de pessoas que nos sustenham nesse processo de cura e nova vida.


quinta-feira, 13 de junho de 2013

Uma distorção

Essa frase que caracteriza o blog já diz muito dos motivos que me incentivaram a fazê-lo.
Ouvia isso muito do meu pai: "na minha família mando eu". De fato, ele mandava.
Agora que tenho a minha própria família, refleti muito sobre essa frase e sobre as mudanças pelas quais venho passando. Ela não faz muito sentido pra mim. Mesmo que me desse a falsa impressão de que agora "na minha família mando eu", então estaria livre de repetir tudo que tive na minha infância e adolescência, na verdade ela seria uma repetição dessa fase infeliz.
Afinal, não mando e não quero mandar em ninguém.
Não é a isso que se resume o papel paterno e materno.
Quero mostrar (e fazer-me acreditar e viver) que a minha família AMO eu, porque tenho entendido que a vida familiar tem muito mais a ver com o verbo amar.